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Aquele que superou o fim dos tempos

by Weise

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1.
É tarde 04:16
Você , que vê o céu por sobre o véu das estações nubladas, olha pro mar então; sangra de lá perdão, que a terra é carne daqui. Onde está? Você se esconde e o vento é brando e a vista arde; mate um covarde antes da noite vir ante o seu céu anil, enquanto ainda é tarde... Na censura matinal, acima de qualquer moral,vem seus olhares despertando lares, liras, ilíadas. Sobe em clímax seminal e sorte é o clima litoral ou literalmente racho (me olha de cima a baixo). Às vezes acho que já suportei demais; aliás, cedo me queima a paz. Íris coberta, arco com filhas de crises discretas, mas deixa minha alma secreta atirar azul!
2.
Eu bem que tenho tentado falar com a sutileza de não me entender, mas, a polícia normal da língua que se pode dizer, com seu olhar vulgar e a máxima máscula força no maxilar, me encara. Eles bem que queriam uma explicação de como em um ponto e vírgula se lê um ponto de exclamação e a métrica não agradecer minha má educação. Não há corrimão mais seguro que a lei, só que marcha. Fazer tal como quem descobre e encobre com as mãos – não sei de nada. Pensei que quando eu pudesse ter opinião talvez fosse tarde então parti pra ser refrão. Em cada rosto que finge sorrir a estátua de mármore é tua, que-há-de-vir; deviam mandar prender o tempo por tudo acontecer! Que-há-de-vir, teu lugar é mais próximo que o hábito de poder pensar no próximo. E é pela falsa modéstia dos teus covardes em busca de climas amenos, filhos de acordos ateus com um deus de cassetete pequeno, que, se a água acabar, brindem saúde e bebam veneno de graça.
3.
Entre a rua e o para-brisa a minha sombra me imita, mesmo eu tão a passos largos contra o farol alto. Adormeci um instante e não mudava, o meu semblante na calçada anunciava o mesmo, a esmo, sinal de trânsito extra-excitante; em meio a tantos olhos grandes luminosos me dizendo tchau. Chame a polícia, a missa, o jornal; me chame louco, marginal: só não me diga o que é por bem ou mal, que atravessar a rua é fácil – eu sei e ei de repetir trajetos feitos – mas se eu vim aqui por meu jeito próprio de pensar não dava pra tentar falar encontro é o que corpos precisam pra parar. Entre a rua e o para-brisa a minha sombra me remeda mesmo eu tão já remendado. A pena fere mais, que a dor me ensina o instante da pancada e o meu semblante na calçada anunciava o mesmo, a esmo, sim e não.
4.
Dor alegre 03:31
5.
Em vez de desmaiar eu agora dormi. Minha cama nunca estranha se meu corpo magro se entregar. Não pode atacar, mas consegue fugir tão santo quanto qualquer tiro santo: santificado seja! Depois de toda tempestade que virá, a necessidade nos indicará a rotina. Agora eu posso ir com Morpheu, ou morfina. Passa vento, passa onda, passa bola e um macaco agora - eu tô maluco pra danar, ói Passa tempo, espaçonave, homem-ovo e o macaco de novo - eu tô maluco pra danar, ói Porque o absurdo faz muito mais sentido que essa aparente ordem de todas as coisas. E por onde eu ande é fim; por onde eu começo? Eu vim sonhando que acordei e agora eu pensei ter acordado mesmo. De longe aquilo não podia ser bicho terreno; de perto eu vi que era só um corpo que dizia adeus. Então eu mandei, de cá, um tchau também. Então só pude ver esta mão presa pelo pulso a força, por outra que nem mais forte era e me irritei quando a boca veio falar de mim. Que eu era o macaco do começo e que não sou tão triste assim. Pediu com o olho pra comprovar: olha eu conheço tristeza demais, mas nenhuma assim. Olha, eu conheço tristeza demais, mas nenhuma é assim de comprovar ou assim de se apontar: eis aqui a minha tristeza pronta e resumida a coisa para ser averiguada.
6.
Desperto 02:23
Rasgo-me com gosto de tédio e até de orvalho a chuva atentou hesitar em estado. Esperei por uma cor de tragédia e já é de tarde – mais de uma e meia luz cega em severidade. Desperto até a idade aguentar. Descrevo em um gole o copo d’água, o mal de ser dos seus o golpe o corpo e o desgaste. Ache o que cansei em nascer amarrado, errado, outro agudo e do rouco e de novo e não sei não viu... acho que nasci só... acho que não...acho que Narciso.
7.
Santo lá 04:33
Foi por costume que o sino badalou; ninguém subiu na torre quando atores começaram a pedir a Deus. Falam em valores de bolsas ou budismos; a mesma cinta liga o centro à base e sintam-se vestidos... Um batalhão pro céu - beatas pra onde eu nem sei. Bocejando o norte à morte, então beija assim o sul. Mas, já que o sul não é tão quente pra falar de perto a gente quer estar lá e ser como são... tão lá, um sul tão lar, santo lá. Fora do céu a barca quer dilúvio; novo refluxo, eu vou ser orvalho ou tempestade, chuva rala, nunca. Falta um risco só pra desenhar bordéis nas bordas dos países cá desalinhando abaixo nos papéis. Mas, se barbearem bem - os bêbados de que água são? Eu bati no presidente por permitir me batizarem sem a minha opinião. E, baqueado, o presidente percebeu que, como a gente quer estar lá e ser como são... tão lá por lá... santo lá! Sobrinho Sam, lá lá lá lá lá. São lá, são lá, santo lá.
8.
Ó, meu bem, eu não preciso de dinheiro, não. Ó, meu bem, eu não preciso de satisfação; eu tenho um bem que benza deus!¬ – se der adeus, eu não sei não... Ó meu bem, eu não preciso dar satisfação: quando eu nasci um anjo veio, segurou minha mãe na mão; disse:Vai, Paulo! ser direito na vida. E me enrolei desde o cordão. Mas, nada me fará ficar muito tempo aqui – a não ser cantar, tocar este instrumento e escrever pra uns poucos bons amigos que carrego e me carregam. Bora, que o resto vem depois.Hoje é o dia que se foi por mim e por quem mais tentar. Que mais tentar? Mais tentar? Ah! não sei cantar, tocar este instrumento; vou fazer do jeito que se ama. Vê? Azul é Rosa e bora, que o resto vem depois. Hoje é o dia que, se for, se foi por mim e por quem mais tentar.Quem vai tentar? Que mais tem? Mas, tentar.
9.
Dói; na verdade nem é tanto assim, eu sei; mas cansei de não ter mais por onde ir. Por mim, eu só queria ver se minha força era do tipo de aguentar. A dor do mundo é uma só: ou pensa o que é de mudar, ou é só saudade – que essa cidade deu um nó, a idade deu um nó, a hora deu um nó, e agora tudo o que cheirar a liberdade é segredo. Dó; e na saudade toda cor é palidez, e talvez ao novo falte uma visão do fim que eu só não posso ver com clareza por não ter como escapar. A dor do mundo é bem maior; pois deixa a chuva me levar que, essa cidade, essa cidade deu um nó, a hora deu um nó, a sorte deu um nó que só de te contar esta verdade já é medo.
10.
Eclipse 02:12
Luz do céu, eu sei, tens uma parte cega e a outra não se vê. Mas, quando eu enfim te olhei, bem, não dava pra contar o quanto eras deserta. Essa rua que sonhei ser real – mas que malfeito, criatura! Tal qual quando o rei clamou lá: – Vá buscar um bobo ou um coringa! Eu não vou morrer no vigésimo sétimo ano (eu vou correr). Carro ou bicicleta agora? Essa rua que sonhei ser real– pois, pra quê tantra a essa altura? Tal qual quando a rainha reclamou lá: – Vão buscar um torto ou um artista! Carro ou bicicleta agora?
11.
Dilúvio 01:44
Respiro e mais um trago; agora já passaram a pensar que eu pensei a toa – tão à toa que eu não me esqueci. Respiro e mais um atraso; agora já passaram a pensar que eu passei a toa – tão à toa que eu não me perdi. Deixem minha calma a minha pressa! Pois eu vim do mar;sim, eu vim do mar; se isso afundar, to na água outra vez.

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released December 13, 2013

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